sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Sobre "eus" e você.

Todo mundo sabe qual a sensação de fingir ser outra pessoa. Aposto até que você já deve ter feito, no mínimo, teatro no ensino fundamental. E eu como boa humana que sou, já fui várias personagens ao longo dessas poucas primaveras.

Uma vez eu fui a garota de longe, que morava além mar.
Quando eu era essa menina, eu ficava sozinha e gastava metade do meu tempo pensando em uma maneira de chegar ao outro lado do mundo. Não que São Paulo fosse tão longe.
Uma beatlemaíaca que fazia interurbanos todos os dias a noite para alguém desconhecido que talvez fosse a solução de alguns problemas. E esse era o grande problema.
No final, descobri os Rolling Stones e passei a acreditar que tardes em coma podem ser mais proveitosas se não gastas na internet.

Outro dia, eu acordei meio Bergman. Era a Marianne.
Cheia de constatações sobre a vida e com algumas pitadas de negativismo. Meio mal-do-século sabe? Achava que morrer por alguma coisa valia a pena. Lágrimas, sorrisos... aquela velha dupla "Joy and pain." Jurava que tinha encontrado o último amor dos amores e que não precisava de mais nada no mundo. Quantas vezes Marianne anulou a Rayssa?
Até que um dia ela se foi embora, ou foi mandada embora. Já nem sei.

Já tentei ser Marrie, meu pseudônimo para uma mulher forte e esclarecida.
Era meu lado mais sexual. Sem sentimentos, romance ou qualquer coisa "com açúcar". Era aquela garota que tinha escolhido se divertir, assim como a Cindy Lauper tinha ensinado. E dessa vez eu aprendi sobre o que eu não queria mais pra mim, não que eu soubesse o que eu queria. Sabia como conquistar e abater as presas da maneira mais rápida e eficaz, pelo simples apelo sexual. One night stand, sem vínculos e laços.
E disso tudo eu aprendi que até a Rayssa tem um pouco de romance.

Mas e onde eu estava de verdade?
Essas e muitas outras garotas tinham a mesma essência, mas ela acabava sendo suprimida pelo roteiro, pelo contexto e pelo ator principal. Só uma coadjuvante.

E dessa vez, eu sou só a Rayssa.
A garota preguiçosa, que gosta de pipoca e que acabou de descobrir o vício do "Guitar hero".

A fumante compulsiva e nervosinha.
A garota que tem pânico de relacionamentos sérios mas que sempre aposta nas coisas por gostar de viver perigosamente. A covarde, que tem medo de reconhecer o quanto gosta e precisa das pessoas por aqui, e a que acha que negar essas fraquezas a torna um pouco menos desprotegida.
A Rayssa insegura, que apesar de parecer uma pessoa bem resolvida, não passa de uma pequena que quer atenção e carinho ao invés de discussões políticas e planos para o futuro.
Alguém que quer ser notada, de alguma forma especial, sabe?
E eu tenho estado bastante feliz nos últimos tempos, e um pouco sem saber o que escrever.


"It's you!
You you you."

2 comentários:

Anônimo disse...

saudade dessa menina amarela!!

dos sonhos disse...

u u u
uuuuuu
it's u
it's always u u u

(você escreve coisas tão bonitas!)