Email à alguém de longe. (subjetividade da carta ao leitor.)

De: Justine Frunn
Para: Alfred <alf652@kmail.com>
Data: 08/12/2007 14:15
Assunto: Ensaio sobre uma vida de boneca.

Querido Alfred,
Li sua matéria sobre uma garota que andava triste e oprimida por querer aproveitar ao máximo a vida e se sentia impotente e incompleta no que dizia respeito ao amor. Acho que todas as pessoas do mundo não deviam querer só buscar aquela estabilidade angustiante que dilacera pessoas que tem verves aventureiras. Hoje é mais um domingo nublado e em coma, e cá estou eu, avaliando minha própria vida através de uma pequena matéria dessas revistas femininas que exploram o lado mais mercantil e fútil da realização e felicidade da mulher do século 21.

Acabo de ler que aos olhos de outras pessoas, a menina triste e com dor de cabeça tem medo de ficar sozinha. E realmente ela tem medo de permanecer sozinha. Assim como eu, essa menina tem medo de que sua caminhada pelo mundo não seja recordada... que suas marcas por aqui não tenham profundidade suficiente para se perpetuarem através do tempo. Umbiguismos à parte, eu também tenho medo de acabar virando só um "pequeno detalhe" (com a licensa poética dada ao Roberto Carlos), em toda sua redundância, de alguém que nem ao menos conseguiu me decifrar 17% . Tenho medo de acordar amanhã e me ver como uma boneca na mão do destino, que mimado resolve brincar com a mais nova sensação, largando-me pra trás... esquecida, empoeirada e impotente.

A vida de uma boneca pode ser bem triste.

No mais, acho que você escreve bem... que sua matéria ficou bem ilustrada com a foto daquela menina de cabelo curtinho. Gostei da forma como você consegueiu expor a opinião dela de uma forma profunda e cuidadosa.

Att.

Justine Frunn.