segunda-feira, 10 de maio de 2010

O estudo das festas como registro etnográfico

Nota-se que eu tive um ótimo sábado, ou que eu não sou um ser social.


"Ahhh Malinowsky.... Se tu fostes contemporâneo, saberia o quão frutífera pode ser uma noite na balada."

É com essa frase introdutória que discorro sobre o meu mais novo hábito; a antropologia. Aquela feita 'in loco', nos agitos sagrados de sábado a noite. Em eventos cujos frequentadores se divertem ao som do passado 80's, roupas da moda e papos dislexicos, ora pela bebida ora pela quantidade de substantivos novos.

Mas o ponto aqui não é a comunicação, ou ainda que seja, não a verbal. A conversa dos corpos, as maneiras e os métodos. Uma festa pode ser um objeto muito interessante, ainda mais quando a única pessoa sóbria, aparentemente, é você. E assim, eu desenvolvi minha mania.

No último sábado, estava eu no meio do mato. Sim, uma festa no "bosque". Pude me deparar com os tipos sociais baudelarianos, mas mais ainda com aqueles modernos, que eu, na minha humilde prepotência os considero a real "blank generation".

Partindo para a parte que realmente importa, vamos ao fatos. Engraçado acompanhar o desenrolar da festa. Se no começo todas as garotas compostas em suas roupas especiais se mostram austeras, ao final, o bom espírito da pomba-gira as transformam em caçadoras deliberadamente cruéis. Os garotos, que tímidos, no princípio se importam com amenidades, continuam assim até o final, por vezes falta de pretensão, em outras, pela inércia. E os tipos se entrelaçam no ballet da coisa, se relacionam e se movimentam pelo salão, tal quais animais em busca da perpetuação da espécie. E assim começa a dança.

O estudo da dança como ritual pré-cópula, nos leva a imaginar o desenrolar de várias histórias, e como elas avançarão no after party. As garotas, como disse um amigo, iniciam os trabalhos da noite com uma coerografia ao estilo "ducha corona", enquanto que os garotos (QUE POR FAVOR, MANTENHAM A COMPOSTURA ON THE DANCEFLOOR!!) balançam seus copinhos com o bendito suco, a cerveja. Elas dançam para conquistá-los, eles bebem para esquecê-las. Ao final, a tribo enlouquece. A "blank generation", todos iguais na vontade de serem diferentes. As memas conversas chatas de todo final de semana, a dança das línguas nas bocas alheias, a falta de profundidade ou de uma referência maior do que as breves história do rock ( que por sinal, está sendo ensinada formalmente numa escola da cidade com o nome "Curso intensivo de história do rock").
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E assim a festa prossegue e chega ao fim.
Eu, não sei dançar como as garotas lobas e nem bebo com os meninos pavões.
Fico lá, flanando por entre o ambiente, estudando meticulosamente o que eu não quero pra mim.
Como disse o bom e velho Buk

Beware the avarage man, the avarage woman
Beware their love. Their love is avarage.

Um comentário:

P. disse...

http://aero-plano.blogspot.com/2010/05/ladies-and-gentlemen-put-your-masks-on.html


I think they've got a connection.