terça-feira, 17 de julho de 2007

Viver não é preciso, mas é necessário.





"Levo na bagagem um coração forrado de selos de velhos romances, mas ainda assim levo um coração."


Estava pensando aqui no antagonismo que é viver. Existem dois tipos (que eu consigo diferenciar) de pessoas. As que vivem tudo como se fosse a primeira vez, com os braços sempre abertos para o mundo novo que hão de conhecer. Por outro lado existem também, as pessoas que acumulam dentro de si o maior número de informações que adquiriram vivendo, e por isso são mais prutendes em relação ao que podem vir a viver.


No primeiro grupo, consigo perceber a presença da ingenuidade. Não que seja ela uma coisa única desse grupo, mas sempre é necessário usar um pouquinho de malícia, de tato. Como já disse o poeta "Navegar é preciso, viver não é preciso." O preciso dessa frase me remete a uma divergência imensa. Navegar é preciso, é conciso, é fato... viver é impreciso, é aposta. Viver é ter a possibilidade de errar e corrigir, não precisa ser formal, não tem forma nem receita.


Na mesma frase eu consigo interpretar que não se é necessário viver tudo, quando a ciência, a navegação já nos dá o conhecimento que aprenderíamos colocando em prática o exercício das pequenas coisas. E isso me remete ao segundo grupo. Ao próprio Fernando Pessoa. As pessoas que empiricamente, colecionam marcas de antigos relacionamentos, e sendo assim, não conseguem viver todas as coisas da maneira mais simples. São pessoas racionais, que já viveram uma experiência, e que estão sempre aperfeiçoando aquilo que já é perfeito, o amor. Tendem a ser mais fechadas e frias, porém já possuem uma maturidade desenvolvida, e não se queixam a cada novo amor. Elas já conhecem a lógica do jogo.


O essencial seria conter em cada pessoa esses antagonismos, o espírito jovem e a sabedoria dos velhos, a pureza das crianças e a malícia dos adultos. Acho que a opção que eu fiz pode ser representada pela famosa frase do Che Guevara "Hay que endurecer-se pero sin perder la ternura jamás."


2 comentários:

Um observador disse...

Pois é, eu diria que partindo de seus dois exemplos, ramificando quase que infinitamente, vamos encontrar todo tipo de pessoa.
Um breve passeio por seu blog permite alcançar algumas, como as mulheres ociosas que descreve tão bem.
A natureza humana até que é simples, mas somos capazes de torna-la tão complicada.

Anônimo disse...

porra, adorei esse texto.